11/10/2015

Como A Lua (PE)




Tudo o que nasce morre
Tudo o que morre volta a nascer
Como a lua
Como a lua


Não foi só a música que continuou em minha mente após ter assistido ao espetáculo do Grupo Mambembe nesta tarde de sábado, mas todos os lugares por onde fui levada enquanto o assistia.


A peça de José Manoel Sobrinho conta não só a história de amor do índio Paya pela belíssima índia Cólon, mas a história da existência. O nascer, morrer, permanecer, renascer, conhecer. As nossas descobertas.


Para isso, somos levados, primeiramente, à realidade de Paya e Cólon. A música é o nosso meio de locomoção. Com a fantástica direção de Samuel Lira, e também com sua cativante presença cênica; todo o elenco transforma o palco do SESC em um cenário mitológico. Estamos aonde acreditamos que estamos? Basta fechar os olhos para logo se sentir junto ao simpático casal. Ouço o barulho de um riacho - ou seria uma cachoeira? Olha! O canto dos passarinhos! E todos os demais animais presentes nessa floresta.




Presença. Atores extremamente presentes. Mesmo enquanto estão concentrados na musicalidade, ou na atuação cênica. E o que dizer quando há um público participativo? Vemos a comunicação entre espectador e ator. A peça torna-se um canal entre aquele que assiste e aquele que apresenta. Olho ao redor. Crianças, adultos, todos estão conectados.


A conexão também é satisfatória entre a história de Paya e Cólon com a dos colegas de classe da vida urbana. A descoberta do amor, a ingenuidade, os questionamentos, apesar de possuírem aspectos característicos do local onde se encontram - "selfie", "cabra-cega" - a essência é a mesma. Independente do local onde algo ocorre, há uma essência que une. Enquanto Paya dá cambalhotas e se exibe para a indiazinha Cólon, os amigos descobrem a magia do primeiro beijo.


E magicamente, as histórias se unem. Algo faz com que a realidade de Paya se junte ao dos coleguinhas. Mas como? Como? Eles vivem em mundos tão distantes. Culturas distintas. Como?! Apesar de o modo de vida ser diferente, o essencial da vida é semelhante. Todos brincam, têm suas dúvidas e possíveis respostas. Todos sentem. Amam. Eis o essencial.

E essa essência foi o que me prendeu durante todo o espetáculo.


Por Manu Goulart



Ficha Técnica

Direção: José Manoel Sobrinho
Autor: Vladimir Capella
Elenco: Luiz Veloso, Kamila Souza, Geysa Barlavento, Marinho Falcão, Pascoal Filizola, Samuel Lira, Sandra Rino e Tiago Gondim
Trilha sonora: João Falcão, André Filho e Alan Sales
Desenho de Luz: Luciana Raposo
Operação de luz: Rodrigo Oliveira
Cenografia e figurinos: Cláudio Lira
Direção musical, arranjos e preparação vocal: Samuel Lira
Fotografia: Laryssa Moura

Produtor executivo: Elias Vilar

3 comentários:

  1. Ficamos muito felizes e contemplados com a sua percepção de COMO A LUA. Gratos por suas palavras e registro. Um grande abraço. Eu, Carlos Lira,fiz o Payá na primeira montagem recifense deste texto. Um grande abraço, Manu Goulart. Carlos Lira e Elias Vilar (produtores do espetáculo), Mambembe Produções -Recife-PE

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    1. Gracias, querido! Eu que fico muito feliz de ter assistido ao espetáculo. Foi uma experiência doce e enriquecedora. Um grande abraço!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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