Tudo o que nasce morre
Tudo o que morre volta a nascer
Como a lua
Como a lua
Não foi só a música que
continuou em minha mente após ter assistido ao espetáculo do Grupo Mambembe
nesta tarde de sábado, mas todos os lugares por onde fui levada enquanto o
assistia.
A peça de José Manoel
Sobrinho conta não só a história de amor do índio Paya pela belíssima índia
Cólon, mas a história da existência. O nascer, morrer, permanecer, renascer,
conhecer. As nossas descobertas.
Para isso, somos levados,
primeiramente, à realidade de Paya e Cólon. A música é o nosso meio de
locomoção. Com a fantástica direção de Samuel Lira, e também com sua cativante
presença cênica; todo o elenco transforma o palco do SESC em um cenário
mitológico. Estamos aonde acreditamos que estamos? Basta fechar os olhos para
logo se sentir junto ao simpático casal. Ouço o barulho de um riacho - ou seria
uma cachoeira? Olha! O canto dos passarinhos! E todos os demais animais
presentes nessa floresta.
Presença. Atores
extremamente presentes. Mesmo enquanto estão concentrados na musicalidade, ou
na atuação cênica. E o que dizer quando há um público participativo? Vemos a
comunicação entre espectador e ator. A peça torna-se um canal entre aquele que
assiste e aquele que apresenta. Olho ao redor. Crianças, adultos, todos estão
conectados.
A conexão também é
satisfatória entre a história de Paya e Cólon com a dos colegas de classe da
vida urbana. A descoberta do amor, a ingenuidade, os questionamentos, apesar de
possuírem aspectos característicos do local onde se encontram -
"selfie", "cabra-cega" - a essência é a mesma. Independente
do local onde algo ocorre, há uma essência que une. Enquanto Paya dá
cambalhotas e se exibe para a indiazinha Cólon, os amigos descobrem a magia do
primeiro beijo.
E magicamente, as histórias
se unem. Algo faz com que a realidade de Paya se junte ao dos coleguinhas. Mas
como? Como? Eles vivem em mundos tão distantes. Culturas distintas. Como?!
Apesar de o modo de vida ser diferente, o essencial da vida é semelhante. Todos
brincam, têm suas dúvidas e possíveis respostas. Todos sentem. Amam. Eis o
essencial.
E essa essência foi o que me
prendeu durante todo o espetáculo.
Por
Manu Goulart
Ficha
Técnica
Direção: José Manoel
Sobrinho
Autor: Vladimir Capella
Elenco: Luiz Veloso, Kamila
Souza, Geysa Barlavento, Marinho Falcão, Pascoal Filizola, Samuel Lira, Sandra
Rino e Tiago Gondim
Trilha sonora: João Falcão,
André Filho e Alan Sales
Desenho de Luz: Luciana
Raposo
Operação de luz: Rodrigo
Oliveira
Cenografia e figurinos:
Cláudio Lira
Direção musical, arranjos e
preparação vocal: Samuel Lira
Fotografia: Laryssa Moura
Produtor executivo: Elias
Vilar
Ficamos muito felizes e contemplados com a sua percepção de COMO A LUA. Gratos por suas palavras e registro. Um grande abraço. Eu, Carlos Lira,fiz o Payá na primeira montagem recifense deste texto. Um grande abraço, Manu Goulart. Carlos Lira e Elias Vilar (produtores do espetáculo), Mambembe Produções -Recife-PE
ResponderExcluirGracias, querido! Eu que fico muito feliz de ter assistido ao espetáculo. Foi uma experiência doce e enriquecedora. Um grande abraço!
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